24/10/2012

quase noite





neste resto de tarde
sou uma planície
de vento
solitário e triste
quase noite
de folhas

sou a bruma  
o esqueleto e o fumo
desta  grafite sombreada
de silêncio
e de saudade

é então que chegas
num repente paginado
de pianos verdes

e ficas comigo um instante
apenas
sem corpo nem palavras
olhando-me no vazio
da memória
que arde

vês?

neste resto de tarde
sou uma planície
de angústias
soletradas a frio

e mesmo aqueles barcos
que do céu lançam estrelas
não demoram mais
que dez minutos
na paisagem de mim.

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