29/03/2013






eram duas vezes um príncipe
que…
por causa de duas aventuras

não tinha reino
não tinha cavalo
não tinha princesas para salvar
e
por duas vezes
tinha perdido a fama
de herói
quando
entre duas bruxas e dois diabos
de duas histórias
desmaiou nos braços
de duas fogosas donzelas
antes mesmo
de cavalgar matagais cerrados
cheios de feitiços
e amores de perlimpimpim

era uma vez um príncipe
que tinha a tensão arterial baixa…


28/03/2013





porque não me perguntas se ainda me lembro
do teu odor alinhavado no meu corpo

porque não me perguntas se este meu desejo
camuflado de silêncios
corresponde às ventanias de ausência que assolam estas palavras
sem leito?

porque não me pegas nas mãos e me ensinas a olhar-te
de frente nas tuas mãos
tão anónimas
e doces?








moro sozinho
na penumbra dos olhos
e do coração

apenas a melodia morna das canções
entardecidas dos melros
voláteis
e
a brisa pintada de bruma e de gente
que já não tenho

vêm acariciar este perfume sossegado
da noite de eu
aceso
no silêncio tranquilo
das sombras

atiro algumas perguntas
em direcção ao espanto
surdo das luzes apagadas
das nuvens

e não tarda
chegam até mim alguns ecos
quebrados de vozes
que não conheço.


26/03/2013









Em forma de um lume e de um olhar
Que as aves e as rosas não deixam que se apaguem…

É assim que me estás perto, pai.