20/09/2011

no céu dos gatos


(para a Kelly, com saudade)


primeiro

passaste de soslaio
pelo canto da varanda

depois

olhaste o canteiro mais uma vez
olhaste a sala mais uma vez
buscaste o quarto mais uma vez
pegaste nas nossas lágrimas

e foste embora
não sei para onde

mas

sei que não estás no céu dos gatos
porque
o tamanho da tua alma sempre foi
dez mil vezes maior que o teu corpo
pequenino

não sei mesmo se há um céu dos gatos

mas

mesmo que haja
tu preferes andar
por aqui
entre o coração e os olhos
do tempo sem retorno
 

sei muito bem que andas
por aqui

ainda há pouco
te vi por aqui

na verdade, Kelly

não sei mesmo se há um céu dos gatos
mas mesmo que haja tu vais
arranjar maneira
de estar sempre por aqui

como ainda hoje o fizeste.

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