(para a Kelly, com saudade)
primeiro
passaste de soslaio
pelo canto da varanda
depois
olhaste o canteiro mais uma vez
olhaste a sala mais uma vez
buscaste o quarto mais uma vez
pegaste nas nossas lágrimas
e foste embora
não sei para onde
mas
sei que não estás no céu dos gatos
porque
o tamanho da tua alma sempre foi
dez mil vezes maior que o teu corpo
pequenino
não sei mesmo se há um céu dos gatos
mas
mesmo que haja
tu preferes andar
por aqui
entre o coração e os olhos
do tempo sem retorno
sei muito bem que andas
por aqui
ainda há pouco
te vi por aqui
na verdade, Kelly
não sei mesmo se há um céu dos gatos
mas mesmo que haja tu vais
arranjar maneira
de estar sempre por aqui
como ainda hoje o fizeste.
Paz à tua alma Kelly, onde quer que ela esteja...
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