Há corais amargos e desbotados
No alpendre parado que não tem flores
A nostalgia chegou cedo no outono
E nunca mais se despegou das pedras
E dos barros da tarde
Só os colos da memória
Sobrevivem aos silêncios
Dá vontade de estar triste
Quando se olha o cinzento apressado
Das paredes que nos cercam
E das coisas que se vão embora
Quem nasce espera coisas
Na água e na alma
E desencanta-se com o vazio
Faz tempo que crescer
Tem pregos e mágoa
Entre as folhas
Das árvores
E dos livros
in "As palavras côncavas", p.27, Editora Ausência, Porto, 2003.
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