(para
o meu pai)
acabou.
lá em cima,
apenas as aves esvoaçam, metódicas, silenciosas e tristes
enquanto a
brisa sopra, com asas de rosa, uma melodia de adeus e de frio.
acabou.
a solidão
desceu, como nuvem, sobre todas as raízes impossíveis de conter
neste soluço
invisível de desespero.
acabou.
fecho a mão,
fecho a mão com força, fecho a mão com muita força
mas já não está
ninguém lá dentro.
acabou.
lá em cima, as
aves continuam a esvoaçar, metódicas, silenciosas e tristes
sobre esta dor
insuportável da partida.
acabou.
lá em cima, as
aves esvoaçam, metódicas, silenciosas e tristes
e são cúmplices
deste grito surdo que se embrenha
terra adentro.
acabou.
partiste e
levaste contigo, e para sempre, as últimas sílabas
das minhas
primeiras palavras:
-pa… paa… Pai!
Janeiro
de 2011
Fiquei com a lágrima no canto do olho e pensei no meu. Emocionei-me...
ResponderEliminarObrigado.
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