03/09/2012

MÃE




Mesmo que os pássaros
esbeltos
brancos de aurora ou
negros de noite
subam pela cinza das horas
e não desçam nunca

Mesmo que não se saiba
outra vez
qual o vértice, qual a face
de não sermos estranhos
à carne do silêncio

Mesmo que as bolas de sabão
azuis, amarelas, violetas
embrulhadas em azedo
e longe
brilhantes e frágeis
não se desfaçam, nunca mais
nas costas da minha mão

Estou triste, na mesma, mãe
estou confuso, na mesma, mãe
não sei nada, mãe

Distante, em mim
está o teu sorriso, para sempre
eterno
entre duas canções
que cantavas, às vezes
numa tão doce melodia
que ainda hoje as ouço
que ainda hoje as bebo
entre duas lágrimas
cheias de olhos vazios e
de tempo fugidio

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