24/08/2011

Em cada linha do teu corpo



Num vítreo murmúrio
Paralelo e silábico
De uma distância quente e sem amarras
Estende-se o gemido
Quase final
Quase começo

Encolhe-se o medo que se programa
Em sôfregos instantes de momentâneas
Bandeiras
As colinas soltam-se e correm
Pela carne
Envoltas em cardumes de frio.

A tremura é uma névoa
De ilusão
Um colo de renascença
Uma pérola de mágico
Uma gota nos lábios
Das coxas

E cada pormenor é um compêndio
De farrapos
E o amor nasce em cada linha
Do teu corpo.

Depois
Se não houver pássaros
Nem flores nem rios
Nada se esvairá pela penumbra

Porque o tempo é sempre asa
Pólen
Corrente de rio

E tudo acontece e tudo nasce bruscamente
Ou de modo manso
Entre dois lençóis sem nome.

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